sábado, 28 de maio de 2011

Reciclagem de lixo: uma questão de trade-off

Todo dia, quando eu vou fazer a minha ginástica, me deparo com um caminhão de lixo e alguns garis retirando o lixo da rua onde fica a academia. Como todos sabemos, o caminhão de lixo é um veículo extremamente barulhento, porque enquanto o lixo é coletado, ele já é processado, e isso requer um motor e um sistema de prensas que incomodam a todos.

Pois bem. Aqui no bairro onde eu moro, não existe o sistema de Coleta Seletiva. Se qualquer cidadão quiser separar o lixo para coleta, tem que se dirigir aos containers de coleta seletiva que são disponibilizados pelo supermercado Pão de Açúcar, e que, invarialmente, encontro cheios (o que me leva a pensar na frequência com que aquele lixo é retirado dali, mas isso é história pra outro post...).

Bom, voltando ao fato de que não temos coleta seletiva. Como existem muitos estabelecimentos comerciais aqui em volta (clínicas de estética, cursos de idiomas, cursos preparatórios pra cursinhos, igrejas, hospitais, creches, padarias, farmácias etc.) e eles normalmente fecham às 18 hs, no máximo 19 hs, o lixo muitas vezes fica na rua por uma hora, uma hora e meia.

O bairro atrai muitos catadores, que reviram esse lixo que está nas ruas para procurar latas, papelões, jornais e tudo o mais que puder ser reciclado. Esses catadores espalham o lixo pelas calçadas ao abrirem os sacos, o que permite que em seguida, cachorros vira-latas façam o resto do serviço. Isso causa um incrível mal-cheiro.

Quando o caminhão de lixo chega por volta das 20, 20:30 hs, já está tudo revirado e espalhado pela calçada. Ou seja, em cada ponto que o caminhão pára, ele precisa esperar por muito mais tempo, até que os garis consigam recolher todo o lixo que está nas ruas.

Eu sei que tem uma multa para quem não coloca o lixo em containers específicos perto da hora de recolhimento, mas quem vai de porta em porta multar todo mundo que faz errado? Nunca vi ninguém multando ninguém, ou ouvi dizer de alguém que tenha sido multado.

O barulho que o caminhão faz, por muito mais tempo parado, incomoda muito mais do que se fosse possível fazer o recolhimento rapidamente.

Agora, eu me pergunto, será que a sociedade não abraçaria uma campanha de coleta de lixo reciclado se fosse para minimizar o impacto da barulheira e da sujeira? Será que o custo desta campanha e de adotarmos um sistema de coleta seletiva não se pagaria muito rapidamente? Será que os próprios catadores não poderiam ser os garis nestes casos, sendo pagos com o próprio retorno obtido com a reciclagem do lixo?

Por que funciona tão bem em Berlim e não pode funcionar aqui?

Eu já separo o meu lixo há muito tempo. Papéis, latas, vidros, garrafas pets, óleo de cozinha, orgânicos. Mas, é duro saber que no final, vai tudo para o mesmo caminhão. Será que o síndico do meu prédio não poderia estabelecer um sistema de coleta seletiva e usar o dinheiro em prol dos próprios porteiros e zeladores (ou da conservação do prédio, quiçá)?

Eu só não entendo é porque é tão óbvio e ninguém faz nada...