domingo, 25 de novembro de 2012

Desenvolvendo Engenharias e Saúde, as áreas prioritárias do Brasil de hoje - entrevista com o Min. Aloísio Mercadante, da Educação, no jornal O Globo de hoje

O Ministro da Educação, Aloísio Mercadante, falou hoje sobre a necessidade que o país tem em desenvolver Engenheiros e profissionais da Área da Saúde, em função do crescimento que o país vem apresentando e da carência de mão-de-obra qualificada.

Em matéria intitulada "Engenharias e saúde, as prioridades", publicada no Caderno Boa Chance, pag. 7, o Ministro ressalta que são os cursos de Engenharia que estão liderando a concessão de bolsas do Programa Ciência sem Fronteiras (veja a matéria aqui).

O programa, segundo ele, não concede bolsas de Mestrado, apenas Doutorado, Pós-Doutorado e Graduação. Das 17 mil bolsas concedidas hoje pelo Ciência sem Fronteiras, cinco mil são de pós.

Na matéria, Mercadante ressalta que hoje "somos o 13º país em termos de produção científica indexada, reconhecida internacionalmente", o que equivale a aproximadamente 2,7% da produção científica mundial. Isso é uma evolução para o Brasil, mas ainda temos muito que evoluir. Apesar disso, reconhece que a produção científica brasileira tem a ver com o número de Mestres e Doutores, e que esta produção acelerou-se nos últimos 15 anos. No entanto, por conta de um capitalismo tardio, esta produção científica é fomentado por instituições públicas, e não por empresas privadas, com exceção de Petrobras e Embraer, muito inovadoras."Especialmente aqui, o esforço da produção científica, da pesquisa e do desenvolvimento está muito centrado no esforço acadêmico", afirma.

Quanto às áreas que mais crescem, Mercadante afirma que...

    Se você pegar de 2004 a 2011, temos uma forte expansão nas humanidades. A média de crescimento dos cursos de pós-graduação, nesses sete anos, foi de 62%, que é ciências sociais aplicadas: ciências humanas, linguística, letras e artes, as humanidades. Quando a gente olha ciências agrárias, da saúde, biológicas, 43%. Engenharia, ciências exatas e da terra, 42%. Comparado com outros países, o Brasil tem um volume de engenheiros insuficiente.

Perguntado se haveria emprego para todos estes mestres e doutores, recém-saídos da Universidade, o Ministro destaca:

    Se você perguntar para todos, não sei dizer. Mas que melhora muito a posição no mercado de trabalho, melhora. E, na vida acadêmica, é imprescindível. Como uma parte importante da pesquisa no Brasil está nas instituições públicas, é imprescindível a formação. À medida que o mercado brasileiro — investimento, inovação, pesquisa e desenvolvimento — vai avançando, a demanda por esses profissionais cresce. Como aconteceu nos países desenvolvidos. Quanto mais profissionais qualificados a gente tiver na indústria e nos serviços, mais chance teremos de disputar a indústria portadora de futuro. Então, o papel do MEC é formar esses profissionais. E buscar sua integração com as empresas. Bom exemplo disso é o Ciência sem Fronteiras. As áreas definidas para o programa — engenharia, ciências exatas, biologia, computação, aeroespacial, fármacos, produção agrícola sustentável, petróleo-gás, energia renovável, mineral, biotecnologia, nano, prevenção e mitigação de desastres, bioprospecção, ciência do mar, indústria criativa, novas tecnologia em informação — são as áreas tecnológicas, de engenharias e ciências da saúde. Grandes empresas do mundo estão atraindo os estudantes do programa para fazer estágio. Nove meses fazendo curso, três meses estágio e muitos estão sendo contratados diretamente.

 Finalmente, sobre a distribuição das bolsas, ficamos assim:

    Hoje, temos 17.702 bolsas distribuídas, sendo 2.807 de doutorado-sanduíche, 1.733 de pós-doutorado, 618 de doutorado pleno e 337 para jovens doutores e pesquisadores visitantes, que estamos atraindo de fora. Então, a grosso modo, 12.207 são da graduação, e 5,5 mil da pós-graduação só no Ciência sem Fronteiras. Vamos superar 20 mil bolsas este ano, como era previsto.

Lembro que quando estava terminando meu Doutorado, submeti meu currículo a uma especialista e ela me disse que eu só servia como professora. Dois grandes enganos. Hoje, atuo na iniciativa privada e, sim, o fato de ser professora e doutora muito me ajuda no meu trabalho. E, sim, o fato de trabalhar numa empresa me tornou uma professora infinitamente melhor do que eu era antes, quando era apenas acadêmica.

Temos que desenvolver estes profissionais para atuarem no mercado. Não para produzirem teses que nada contribuem ao avanço tecnológico do país. A propósito, eu também sou Engenheira.

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